Quando é indicado abrir uma ação judicial trabalhista

Quando é indicado abrir uma ação judicial trabalhista

Buscar seus direitos na Justiça do Trabalho é sempre uma decisão que precisa de calma e análise. Não é raro conhecer alguém que já enfrentou essa situação no Brasil. Só em 2024, tiveram mais de 2 milhões de processos desse tipo segundo o TST. As empresas, juntas, pagaram quase 49 bilhões de reais em indenizações. Ou seja, problema trabalhista aparece em todo canto, não importa se a empresa é grande ou pequena.

Muita gente acaba recorrendo à Justiça quando descobre que o FGTS não foi depositado, horas extras ficaram sem pagamento ou quando a demissão aconteceu sem todas as verbas rescisórias. Tem também as questões de adicional de insalubridade e multas por demissão fora das regras. Esses detalhes são bem comuns e vez ou outra aparecem numa roda de conversa entre colegas.

Antes de pensar em processar, é bom saber dos prazos e dos custos. A lei protege, sim, mas cada situação tem seus detalhes. Um advogado faz diferença porque ajuda a entender se vale mesmo a pena entrar com o processo. Tem trabalhador com medo da demora ou da papelada, mas quando o direito é claro, a Justiça pode ser o melhor caminho. O segredo é colocar na balança os riscos e as vantagens.

Muitas vezes, quem sonha em trabalhar de carteira assinada nem imagina que pode passar por uma situação dessas. Mas é sempre bom estar por dentro para não ser pego de surpresa.

Entendendo o cenário dos processos trabalhistas no Brasil

O Brasil tem uma realidade bem única quando o assunto é processo trabalhista. Dos processos desse tipo no mundo inteiro, quase todos acontecem aqui. Isso já diz muito sobre como as relações de trabalho ainda são cheias de desafios por aqui.

Grande parte desse volume de processos vem de problemas na gestão das empresas ou até pelo desconhecimento das leis. É comum os patrões errarem o registro do ponto, atrasarem salários ou até entenderem mal o que está escrito na CLT. Já vi muita gente perder noites de sono, enquanto as empresas gastam mais para pagar indenizações e ainda amargam prejuízos na produtividade. Só em 2023, a Justiça do Trabalho registrou em média cinco mil processos novos a cada dia útil.

Nos últimos anos, leis mudaram e acordos coletivos viraram alternativa a esse tanto de ação. Especialistas dizem que quase metade dos conflitos poderia ser resolvida sem precisar ir à Justiça. Às vezes duas conversas bastam, mas claro que nem sempre é fácil.

Entender todo esse contexto ajuda a não entrar em uma disputa à toa. Avaliar direitinho cada caso evita dor de cabeça e pode até manter intacto o relacionamento profissional. Para muita situação, uma boa conversa ainda é a saída mais leve.

Como funciona a Justiça do Trabalho e os processos

A Justiça do Trabalho existe para resolver problemas entre trabalhadores e empregadores, de forma focada nesses temas. Tudo que envolve rescisão, condição de trabalho, falta de pagamento e descumprimento de contrato entra na alçada desse tribunal.

O processo trabalhista acontece em duas etapas principais. Primeiro, o juiz analisa provas, documentos, escuta testemunhas e verifica quem tem razão. Empregado e patrão mostram suas versões e tudo precisa estar documentado. Na segunda fase, se a decisão for favorável ao trabalhador, a empresa precisa cumprir o que for determinado. Caso a empresa não faça, pode levar multas ou outras penalidades. Em 2023, mais de dois terços dos processos chegaram a essa fase final, que é quando “dói no bolso”.

Existem direitos garantidos durante a ação, como:

– Ser tratado igualzinho ao outro lado, patrão ou empregado
– Ter prazos respeitados para apresentar defesa e recursos
– Poder fazer acordo em qualquer momento do processo

Embora não seja muito comum, empresas também podem entrar com ação contra funcionários em casos específicos, como danos causados ou quebra de sigilo. O papel do juiz é sempre garantir um processo justo usando a CLT e as regras combinadas nos acordos coletivos.

Saber como funciona cada etapa ajuda muito a planejar o que fazer, quanto tempo pode levar, e a evitar aquelas surpresas desagradáveis no meio do caminho.

Custos e impactos financeiros dos processos trabalhistas

Um detalhe importante, que muita gente esquece, são os custos que envolvem um processo desses. Não é só entrar, esperar e pronto: cada parte acaba arcando com algumas despesas, como taxas na Justiça, honorários de advogado e certos valores para recorrer da decisão.

Só pra ter ideia, em 2023 quase 40% dos processos saíram por cima de cinco mil reais em despesas. Entre as principais estão a taxa para abrir o processo, custos para notificar o outro lado e até honorários em casos de perícia.

Advogado costuma cobrar entre 15% e 30% do valor que o trabalhador receber. Se perder, ainda tem que pagar parte dos honorários para o advogado da empresa, de 5% a 15% do valor da condenação. Para recorrer, é preciso fazer um depósito de até 30% do valor envolvido. Mas quem não tem renda pode pedir justiça gratuita e escapar dessas taxas.

Antes de decidir processar, tem que pôr tudo isso na ponta do lápis: o que espera receber, os custos envolvidos e o tempo que o processo pode levar, em média de dois a quatro anos. Sem contar o cansaço emocional, que pesa bastante. Por isso, muitos preferem fechar um acordo antes de partir para a briga judicial.

Prazo e procedimentos importantes

Se existe um ponto para ficar de olho, é o prazo. O trabalhador só pode buscar seus direitos na Justiça até dois anos após ter assinado a rescisão. Esperou mais do que isso, perdeu o direito — não tem choro nem apelação.

Mesmo dentro do prazo, só pode pedir direitos dos últimos cinco anos trabalhados na empresa. Ou seja, aquelas horas extras feitas há seis anos já não entram mais na conta. Vale checar com cuidado para não deixar dinheiro na mesa.

Os recursos e atos processuais têm prazos bem certinhos. Os principais:

– Recurso comum: 8 dias úteis
– Embargos de declaração: 5 dias úteis
– Recursos ao Supremo: 15 dias úteis

Feriados, finais de semana e férias da Justiça não entram na conta. Um cálculo errado aí pode atrasar tudo ou até perder a chance do recurso. Não faltam casos de processos arquivados só porque passaram do prazo. Ter um calendário marcado faz toda a diferença para não vacilar.

Recursos e apelações no processo trabalhista

Depois da decisão do juiz, ainda existe a possibilidade de recorrer. E cada tipo de recurso serve para um momento diferente.

O mais utilizado é o recurso ordinário, quando alguém discorda do resultado da primeira instância e leva a questão para o Tribunal Regional do Trabalho. Aqui, o prazo é rapidinho, tem só 8 dias úteis.

Se envolve interpretação complicada da lei ou discordância entre tribunais, pode entrar o recurso de revista, que leva a discussão até o TST. Tem também recursos para esclarecer pontos obscuros ou desbloquear decisões negadas, além do recurso extraordinário, que chega ao STF quando envolve constituição.

Resumindo os principais tipos:

– Agravo de instrumento: para reverter decisões provisórias
– Embargos de declaração: corrigem ou esclarecem o que ficou meio enrolado na sentença
– Recurso extraordinário: só para questões constitucionais

Só dá pra entrar com um recurso por decisão. Escolher errado pode custar caro e até travar o processo. E não adianta recorrer de qualquer jeito: os juízes só aceitam se tiver motivo relevante e se a papelada estiver certinha. Muitas vezes, o recurso é barrado por falta de apresentação correta, então vale redobrar a atenção.

Quando vale a pena entrar com processo trabalhista

Nem todo desacordo do trabalho precisa acabar na Justiça. Vale sentar e analisar em detalhes se é o melhor caminho para cada caso.

Ter prova guardada, como holerites, registros de ponto, e-mails do chefe ou contratos assinados, faz toda a diferença. Quando o direito é claro e comprovável, é hora de pensar na ação.

Aqui vão algumas situações onde costuma valer mais a pena:

– Direito desrespeitado de forma clara, com provas
– Valor da causa compensa os custos, superando em pelo menos 30%
– Processo está dentro do prazo

Ter testemunha ajuda muito. Quanto mais registros e documentos, maiores as chances do processo terminar em vitória. Quando é só palavra contra palavra, a coisa complica, pois prova faz toda a diferença.

Para causas pequenas, de até cinco salários mínimos, costuma sair mais vantajoso negociar do que enfrentar anos na Justiça para receber pouco. Agora, casos mais graves, como demissão discriminatória ou acidente de trabalho, geralmente precisam mesmo passar pelo juiz.

No fim das contas, levar em conta o desgaste emocional e avaliar se vale gastar tempo e energia é fundamental. Tem gente que prefere tentar conciliação, mantendo as pontes e ganhando agilidade.

Seguro garantia judicial: o que muda para empresas e trabalhadores

Um tema que aparece mais e mais é o seguro garantia judicial. Ele virou uma alternativa para as empresas se defenderem sem precisar deixar uma bolada parada na Justiça durante o processo. O trabalhador também ganha, já que recebe a segurança de ter o dinheiro se a empresa for condenada e não pagar.

Nessa modalidade, a empresa apresenta uma apólice de seguro em vez de depositar o valor em conta judicial. O seguro fica valendo por todo o tempo do processo. Um detalhe interessante: em 2023, quando as empresas usaram essa ferramenta, os recursos para adiar decisões caíram bastante.

Entre os principais benefícios:

– Empresa não paralisa o caixa
– Liminares saem mais rápido
– Seguro cobre inclusive os honorários em caso de derrota

É preciso comparar os custos do seguro com o das taxas e depósitos tradicionais. Em causas acima de 50 mil reais, dá para economizar até 40%. Por isso, alguns advogados recomendam olhar caso a caso para ver o que vale mais a pena.

O seguro, para quem nunca viu, funciona quase como fiador: ele cobre o valor caso a empresa não quite o que deve ao fim do processo. Assim, dá mais tranquilidade e tira um pouco do sufoco financeiro dos dois lados enquanto o processo rola.

Fonte: https://professortrabalhista.adv.br/

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